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Proteína do leite enfraquece o vírus

Proteína do leite enfraquece o vírus

23/09/2016

Uma proteína do leite pode ajudar a combater o zika e a chicungunha, segundo estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os investigadores constataram que a lactoferrina, presente no leite bovino, diminuiu a força do ataque dos dois vírus em testes feitos em laboratório com células de macacos. O trabalho, fruto de parceria com o Instituto Evandro Chagas, foi publicado recentemente no portal de compartilhamento de estudos científicos Biorxiv e é mais uma esperança de prevenção e combate dessas enfermidades transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti.
O estudo usou como base informações conhecidas sobre a proteína produzida pelas vacas e que é semelhante à lactoferrina humana, encontrada na lágrima, na saliva e no leite materno e que tem efeito antimicrobiano. Os cientistas testaram a substância bovina em células de rim de primatas cultivadas em laboratório, chamadas de vero. Observaram resultados positivos no combate a ambos os vírus.
Nossos dados mostram que a lactoferrina bovina exerce um forte efeito inibitório, dependente da dose, sobre a infecção de células vero pelos vírus, reduzindo a eficiência de infecção deles em até cerca de 80%, destacam, no estudo, os autores do trabalho, que tem como primeiro autor Carlos Alberto Marques, pesquisador do Instituto Evandro Chagas. A equipe também notou que a ação protetiva de lactoferrina foi maior quando ela estava presente nas células antes da infecção e em doses mais altas. Não houve detecção de efeitos colaterais.
Os cientistas destacam que a ingestão de leite não seria o suficiente para a proteção aos vírus. Isso porque, ao ser consumida por meio da bebida, a lactoferrina pode sofrer alterações, além de estar presente em menor quantidade. O achado, portanto, pode ser usado como base para outras estratégias protetivas.
Tomados em conjunto, esses resultados revelam que a lactoferrina bovina tem propriedades antimicrobianas extensíveis a chicungunha e ao vírus zika, sublinhando um mecanismo de inibição genérico que pode ser explorado para desenvolver uma estratégia potencial contra as duas infecções, detalharam os autores no trabalho.
Fonte: Correio Braziliense – DF