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Peru terá alerta para excesso de sal, açúcar e gordura nos alimentos

Peru terá alerta para excesso de sal, açúcar e gordura nos alimentos

21/06/2018

Com a resolução, país se soma ao Chile, que desde 2016 conta com um modelo próprio de advertência nos rótulos
O Peru oficializou a decisão de colocar alertas sobre o excesso de sal, açúcar e gordura saturada em rótulos de alimentos. O decreto publicado no último sábado no diário oficial prevê a adoção de advertências para o excesso de açúcar, sal e gorduras saturadas, além de acusar a presença de gorduras trans.
“Essas advertências proporcionam informação simples e de fácil compreensão sobre o conteúdo de nutrientes críticos”, resume o texto, que informa ainda que a decisão foi tomada com base em pesquisas científicas que mostraram o melhor funcionamento desse modelo.
Além do alerta, as empresas terão de exibir a legenda “Evite seu consumo excessivo”, no caso de açúcar, sal e gorduras saturadas, e “Evite seu consumo”, no caso das gorduras trans.
Com isso, o Peru se soma ao Chile, que desde 2016 conta com um modelo próprio. São os únicos países, até aqui, a preverem um sistema de rotulagem frontal obrigatório, embora Brasil, Uruguai e Canadá também estejam no mesmo caminho, numa agenda que fez da América Latina o terror das fabricantes de alimentos ultraprocessados.
Essa medida é uma das que vêm sendo adotadas pelos Estados na tentativa de conter a epidemia de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (diabetes, hipertensão, câncer).
O governo de Martín Alberto Vizcarra optou por um modelo igual ao dos chilenos, com a colocação de octógonos pretos na parte superior direita das embalagens. Cada nutriente em excesso receberá um octógono separado.
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Num primeiro momento, os critérios adotados para definir um alimento “Alto em” são flexíveis. Só a partir do segundo semestre de 2021 entram em vigor limites mais estritos.
Para que se tenha uma ideia, pelos critérios iniciais até mesmo alguns macarrões instantâneos e pratos congelados escaparão do selo de excesso de sal. Algumas marcas de biscoito recheado também conseguirão ficar livres do alerta sobre açúcar.
O decreto prevê ainda restrições à publicidade desses produtos. No Chile, uma medida assinada no ano passado pela então presidente Michelle Bachelet proibiu a exibição de anúncios em televisão de qualquer alimento que receba selos. No caso do Peru, não haverá, por ora, essa restrição, mas os fabricantes estão obrigados a informar sobre quais advertências o produto recebe, tanto na TV como na internet e no rádio.
Outros países
O Canadá já encerrou a consulta pública sobre a colocação de alertas nos rótulos. A expectativa é de que a medida seja publicada nos próximos meses.
O Uruguai tem um decreto pronto desde o ano passado, mas pressões da indústria e dos países vizinhos freiam a decisão do presidente Tabaré Vázquez. A alegação é de que os selos poderiam representar uma barreira ao comércio regional.
Porém, uma decisão tomada na última semana pode destravar a decisão do governo uruguaio. Os ministros da Saúde dos países do Mercosul assinaram declaração conjunta prevendo a adoção de modelos de rotulagem frontal. Segundo o Ministério da Saúde brasileiro, a ideia é que os sistemas “alertem” a população sobre o excesso de açúcar, sódio, gorduras totais, saturadas e trans.
No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já se posicionou a favor das advertências, mas não fechou posição por um modelo específico. A expectativa é de que isso ocorra após a tomada pública de subsídios que está aberta pelo site da agência.
Ao longo do segundo semestre, o órgão regulador deve definir um layout dos alertas e os limites de nutrientes para que um alimento seja considerado “Alto em”. A proposta de resolução precisará ser submetida a novas fase de consulta pública antes da votação pela diretoria colegiada.
Enquanto isso, a Corregedoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não conseguiu determinar o culpado pelo vazamento do relatório do diretor-presidente, Jarbas Barbosa, favorável à adoção de alertas em rótulos de alimentos. A investigação foi aberta a pedido do próprio Barbosa, ao final de maio.
O jornal Folha de S. Paulo revelou o teor do documento dois dias antes da reunião da diretoria colegiada que decidiu pela aprovação. “O julgador entendeu pelo arquivamento do presente feito, por inexistência de autoria cabalmente demonstrada”, diz a resposta da Anvisa, que obtivemos com base na Lei de Acesso à Informação. O comunicado afirma ainda não ser possível saber “da motivação que ensejou esse vazamento”.

Fonte: O joio e o trigo
Foto em destaque: Tânia Rêgo/Agência Brasil