
CFN leva à COP30 o debate sobre alimentação, saúde e clima
12/11/2025
Conselho reforça o papel da Nutrição na construção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis
O Conselho Federal de Nutrição (CFN) participará da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém (PA). A presença do CFN marca um passo estratégico na consolidação da agenda da alimentação e nutrição como parte essencial do enfrentamento da crise climática, fortalecendo o compromisso institucional com o direito humano à alimentação adequada e com a promoção de sistemas alimentares saudáveis, justos e sustentáveis.
As mudanças do clima estão transformando profundamente a forma como produzimos, distribuímos e consumimos alimentos. Secas, enchentes e perdas de biodiversidade comprometem colheitas, elevam os preços e ampliam desigualdades, atingindo com mais força as populações em situação de vulnerabilidade social. No Brasil, os sistemas alimentares são responsáveis por até 74% das emissões brutas de gases de efeito estufa — um dado que evidencia a urgência de repensar os modos de produção, distribuição e consumo sob uma perspectiva ambiental e de saúde pública.
Para o CFN, atuar frente à emergência climática é parte intrínseca de sua missão institucional. O Conselho defende que integrar a agenda alimentar e nutricional à agenda climática é fundamental para assegurar saúde, dignidade e sustentabilidade para as próximas gerações. “A alimentação está no centro da vida e também no centro da crise climática. Falar de clima é falar de comida, de território, de cultura e de justiça social”, ressalta a presidente do CFN, Manuela Dolinsky.
Durante a COP30, o Conselho participará de diversas atividades na Green Zone, espaço dedicado à sociedade civil, à academia e a organizações públicas e privadas. Em parceria com o Instituto Evandro Chagas (IEC) e o Conselho Regional de Nutrição 7ª Região (CRN-7), o CFN promoverá duas atividades:
- Roda de conversa: “Educação alimentar e nutricional e formação em saúde no enfrentamento das mudanças do clima: saberes que cuidam da vida e da terra”, que abordará a educação como ferramenta de justiça climática e transformação social;
- Painel: “A mudança do clima no âmbito da alimentação e Nutrição: tecendo diálogos”, que discutirá os impactos da crise climática sobre a alimentação e o direito humano à alimentação adequada.
O CFN também será parceiro do Movimento Camponês Popular (MCP) na realização das seguintes atividades:
- Inauguração da Cozinha Solidária “Mãos de Mulheres e Pão Partilhado”
- Ato público: “Por Direito Humano à Alimentação Saudável e Agroecológica”
- Seminário: “Contra as Contaminações das Sementes Crioulas: por Alimentos Saudáveis e Justiça Climática”
A participação do CFN na COP30 oportunizará a complementação do documento “A mudança do clima no âmbito da alimentação e Nutrição: tecendo diálogos”, que está em construção no âmbito do Grupo de Trabalho Alimentação e Nutrição no Contexto de Sistemas Alimentares e Mudanças Climáticas. O material reunirá evidências científicas e diretrizes para a atuação ética e responsável dos profissionais de nutrição diante dos desafios impostos pelas mudanças do clima. O texto destaca, entre outras ações prioritárias:
- o fortalecimento de políticas públicas que integrem saúde, alimentação e clima;
- a valorização da agricultura familiar e da agroecologia;
- a promoção da Educação Alimentar e Nutricional, o combate à desinformação e o estímulo a escolhas alimentares baseadaem alimentos in natura e minimamente processados, diversificados, de origem predominantemente vegetal e produzidos de forma orgânica e de base agroecológica;
- a redução de perdas e desperdício de alimentos e o incentivo ao aproveitamento integral, hortas urbanas e comunitárias e gestão integrada de resíduos;
- o fortalecimento de equipamentos públicos de Segurança Alimentar e Nutricional;
- a inclusão da agenda climática na formação e atuação profissional.
O material também evidencia os impactos das mudanças do clima sobre a saúde humana, como o aumento de doenças crônicas não transmissíveis, agravos respiratórios, transtornos mentais e problemas materno-infantis, que recaem com mais força sobre mulheres, populações negras, indígenas, quilombolas e comunidades periféricas, configurando um cenário de injustiça climática e racismo ambiental.
Com essa atuação, o CFN reforça o papel dos nutricionistas e técnicos em nutrição e dietética como uma força técnica com capilaridade territorial e potencial de incidência nas políticas públicas, nos espaços de governança e no controle social para uma transição ecológica e social.
A participação do Conselho Federal de Nutrição na COP30 é, portanto, um marco: um espaço de articulação técnica, política e ética, onde a Nutrição se afirma como parte da solução frente à emergência climática.
Porque alimentar de forma saudável e sustentável também é cuidar do planeta.
Acesse aqui o material orientativo do CFN na COP 30.











