Participação institucional abordou sistemas alimentares sustentáveis, defesa de territórios e o papel da categoria na agenda climática global

Belém (PA) – A participação do Conselho Federal de Nutrição (CFN) na COP30 marcou um momento decisivo para a inserção qualificada da pauta da alimentação e da saúde no centro das discussões climáticas globais. Em um evento histórico sediado em Belém, no Pará, o CFN atuou de forma estratégica para mostrar que não há solução climática possível sem transformar sistemas alimentares, proteger territórios e fortalecer políticas públicas que garantam o Direito Humano à Alimentação Adequada.

Ao longo dos dias de conferência, a delegação participou de uma extensa agenda técnica, política e social, com presença ativa em debates da Zona Verde (Green Zone), da Agrizone e da Cúpula dos Povos. O diálogo intersetorial foi ampliado por meio de eventos que abordaram justiça climática, agricultura familiar, sociobiodiversidade e saúde climática, temas diretamente ligados à atuação da categoria e à missão institucional do CFN.

Entre as atividades acompanhadas, estiveram iniciativas como o ato público “Por Direito Humano à Alimentação Saudável e Agroecológica”, a mesa “Caminhos para a construção de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis”, debates sobre adaptação do setor saúde, territórios resilientes, transição agroecológica, além do painel “A mudança do clima no âmbito da alimentação e nutrição: tecendo diálogos”. Cada participação reforçou o compromisso do CFN em contribuir tecnicamente para políticas que conectem clima, saúde e alimentação.

O diretor do CFN, Fernando Nunes, reforçou a importância do engajamento institucional durante o evento. Para ele, a COP30 representou um marco para o Sistema CFN/CRN: “O Conselho encerra sua participação na COP30 com um sentimento de realização e propósito. Esses dias foram marcados por escuta atenta, diálogo qualificado e ações concretas. Caminhamos ao lado de parceiros essenciais para apresentar propostas e ampliar nossa atuação em favor de sistemas alimentares mais saudáveis, justos e sustentáveis. Voltamos com articulações fortalecidas e aprendizados que impulsionarão a atuação de profissionais de nutrição em um tema que é técnico, social e profundamente humano.”

A atuação do Sistema CFN/CRN, concretizado com a colaboração do Conselho Regional de Nutrição 7ª Região (CRN-7), que sediou e articulou atividades na região, foi um dos destaques. Para a presidente do CRN-7, Yonah Figueira, a presença conjunta reafirma a responsabilidade da Nutrição na defesa de territórios, florestas e da segurança alimentar das populações. Segundo ela, desmatar, queimar a floresta e poluir os rios são ações que agravam a mudança climática e ameaçam diretamente a segurança alimentar. “Estamos aqui para defender a floresta, o consumo alimentar saudável e dialogar sobre a relação direta entre alimentação, clima e equilíbrio ambiental”.

A presença do CFN também fortaleceu diálogos institucionais, como com o Instituto Evandro Chagas e o Movimento Camponês Popular, ampliando o diálogo com movimentos sociais, pesquisadores, gestores públicos e lideranças comunitárias. Além disso, a delegação deu visibilidade às ações estruturantes do Conselho, como a Nota Técnica sobre Nutrição e Mudanças Climáticas, o trabalho do Grupo de Trabalho específico sobre o tema e as iniciativas destinadas a apoiar políticas de transição para sistemas alimentares sustentáveis.

Com o encerramento das atividades, o CFN retorna com novos compromissos, perspectivas e colaborações para que a Nutrição siga contribuindo de forma decisiva na agenda climática. Em Belém, o Conselho reafirmou que proteger a saúde humana passa, necessariamente, por proteger o planeta, e que os profissionais da Nutrição têm papel estratégico na construção de respostas efetivas para os desafios do clima, da segurança alimentar e da sustentabilidade.

Por Kamila Aleixo

Foto: Pedro.H Nunes