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CFN acompanha agendas estratégicas e reforça integração entre alimentação, saúde e clima na COP30

CFN acompanha agendas estratégicas e reforça integração entre alimentação, saúde e clima na COP30

14/11/2025

Nos primeiros dias da COP30, em Belém (PA), o Conselho Federal de Nutrição (CFN) acompanhou debates fundamentais para compreender como a crise climática impacta a produção, distribuição e consumo de alimentos, os sistemas de saúde e a vida das populações, especialmente as que estão em situação de vulnerabilidade e risco social. Como ouvinte, o CFN esteve presente em discussões que reforçam a necessidade de respostas intersetoriais que articulem justiça social, sustentabilidade e proteção ao Direito Humano à Alimentação Adequada.

A programação do dia 13 incluiu a atividade “AdaptaSUS: Adaptação do Setor Saúde com Participação Social e Diálogos Interfederativos”, que apresentou experiências e desafios para ampliar a capacidade de resposta dos serviços de saúde diante de secas, enchentes e ondas de calor que já desestabilizam rotinas de cuidado e agravam quadros de má nutrição. O CFN também esteve presente no ato de entrega de cestas camponesas por direito humano à alimentação saudável e agroecológica.

Ao final do dia, o CFN participou do diálogo “Cozinhas Solidárias: uma tecnologia social mundial de combate à fome e às emergências climáticas”, espaço que apresentou iniciativas comunitárias capazes de garantir acesso a alimentos adequados em territórios em situação de vulnerabilidade, um tema de grande relevância para o enfretamento da insegurança alimentar, especialmente no contexto de agravamento da crise climática.

Nesta sexta-feira (14/11), o Conselho acompanhou o diálogo “Caminhos para a Construção de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis”, que explicitou que a transformação dos sistemas alimentares é um dos pilares centrais da ação climática global e constitui um dos eixos estratégicos da Agenda de Ação da COP30.

O modelo hegemônico de produção, processamento, transporte e consumo de alimentos figura entre os principais determinantes das emissões de gases de efeito estufa, da perda de biodiversidade e da pressão sobre os recursos naturais. Por isso, o debate destacou que os sistemas alimentares precisam ser compreendidos não apenas como parte do problema, mas como elementos estruturais para mitigar impactos ambientais e componentes essenciais das soluções necessárias para enfrentar a crise climática.

As falas da mesa convergem com a posição institucional do CFN ao afirmarem que é urgente promover sistemas alimentares mais saudáveis, sustentáveis, inclusivos e justos, capazes de garantir uma alimentação adequada, diversa e culturalmente apropriada para toda a população.

CFN na mesa de debate

No período da tarde, a delegação participou do Seminário Temático “Contaminações por Transgênicos: Ameaça Alimentar e Climática”, que abordou riscos associados à perda de biodiversidade, à contaminação genética e aos impactos nutricionais resultantes do uso de organismos geneticamente modificados. Neste espaço, o CFN teve fala oficial representado pelo diretor Fernando Nunes, que reafirmou a posição histórica do Conselho que, desde 2010, se posiciona contra as chamadas sementes terminator e, desde 2012, mantém posicionamento contrário ao uso de transgênicos e ao avanço do uso de agrotóxicos no país. Fernando reforçou também o trabalho do CFN na defesa da saúde pública e da soberania alimentar.

“Mesmo fora do Mapa da Fome, o Brasil ainda convive com insegurança alimentar, e é fundamental fortalecer políticas públicas como o Guia Alimentar para a População Brasileira e ampliar o diálogo com movimentos populares. A justiça climática passa necessariamente pelo direito de todas as famílias, especialmente as que estão em situação de vulnerabilidade, acessarem alimentos adequados e seguros”, destacou o diretor do CFN, Fernando Nunes.

A intervenção reforçou ainda o papel dos sistemas públicos e universais de saúde na proteção das populações mais expostas aos impactos climáticos, além de sublinhar que a construção de sistemas alimentares justos e sustentáveis depende da ação conjunta entre Estado, sociedade civil, academia e trabalhadores do campo.

A participação do CFN na Cop30 tem reforçado que alimentação, saúde e clima são dimensões inseparáveis: a crise climática agrava a má nutrição, altera a disponibilidade e qualidade dos alimentos, pressiona serviços de saúde e aprofunda desigualdades. Por isso, fortalecer políticas públicas de alimentação e transformar sistemas alimentares são estratégias decisivas para proteger vidas e construir respostas climáticas que alcancem toda a sociedade, compromisso reafirmado pelo CFN nesta edição histórica da COP.